O capitalismo das próximas décadas

O SSPerform está fundamentado na teoria dos stakeholders que tem suas raízes em 1984 com a publicação, pelo acadêmico Edward Freeman, do livro Strategic Management: A stakeholder Approach.

Em sua essência a teoria dos stakeholders define que o propósito de um negócio é a criação de valor para todos os stakeholders, isto é para todos os seus públicos de interesse (proprietários, empregados, clientes, fornecedores e comunidades, entre outros).

Freeman, à época, se contrapôs a afirmação de Milton Friedman, ganhador do prêmio Nobel de economia, que em 1970 publicou um artigo na Harvard Business Review em que propunha que o objetivo das empresas é trazer retorno financeiro aos proprietários e acionistas (os shareholders da empresa). Esta visão de Friedman norteou os princípios do capitalismo por décadas.

Outros autores e entidades também contribuíram com a evolução dos princípios do capitalismo. Elkington (1998) propôs que em adição aos financeiros fossem também considerados os resultados da sustentabilidade (sociais e ambientais), base dos atuais preceitos ESG.

Recentemente, em agosto de 2019 e, em linha com os postulados de Freeman, a entidade americana Business Roundtable (BRT) anunciou seu compromisso pela satisfação dos stakeholders.

Com esse compromisso, assinado por 181 CEO’s das maiores empresas globais, o viés socioambiental do capitalismo representado pela satisfação de todos os stakeholders passou a se ancorar em um poderoso aliado.

Nenhuma outra associação no mundo reúne, interage e pode satisfazer os interesses de um número tão grande e diversificado de stakeholders.

BRT reúne milhões de empregados e clientes, milhões de pequenos e grandes fornecedores de P&S, milhares de comunidades atendidas, além do que, incontáveis entidades sociais são beneficiadas por essa imensa rede.

Por sua vez, os indicadores de performance das empresas foram sendo atualizados ao longo do tempo para refletir o propósito do capitalismo e os objetivos das empresas.

Até o início dos anos 1990, quando as ideias de Friedman prevaleceram, a performance era medida apenas por métricas financeiras.

É sabido que o trabalho de Kaplan & Norton (1992) foi um marco no sistema de medição de negócios.

Nessa época, esses autores introduziram o conceito de Balanced Scorecard (BSC) e, desde então, dezenas de indicadores inéditos de desempenho empresarial, inclusive métricas intangíveis, passaram a ser utilizados pelas empresas além dos financeiros.

Há, atualmente, um uso maciço de indicadores-chave de performance (KPIs) diferentes e independentes uns dos outros.

Para designar a performance de uma determinada área da empresa é necessário um conjunto de indicadores correlacionados.

Em outras palavras, um conjunto de indicadores de qualidade precisa ser aplicado para indicar a qualidade de P&S, outros conjuntos para indicar a performance da empresa em segurança do trabalho, ou satisfação do cliente, e assim por diante.

No entanto, medir a performance geral de uma empresa ainda é uma questão sem resposta.

Assim, preenchendo essa lacuna, a satisfação dos stakeholders é proposta como uma métrica única para avaliar a performance geral de uma empresa.

Essa proposição leva em consideração a clara evolução do conceito de objetivo corporativo centrado na satisfação dos acionistas (shareholders) para a satisfação de todos os stakeholders e se baseia no fato de que, na perspectiva dos stakeholders, uma empresa tem performance boa ou ruim na medida em que suas necessidades estão sendo ou não satisfeitas. Portanto, sendo a satisfação dos stakeholders assumida como princípio ou pressuposto natural da performance, ela já está sancionada pela maioria, como todo princípio ou pressuposto de qualquer fenômeno deve estar.

Os dados aqui relatados, por si só, eliminam qualquer dúvida de que a satisfação dos stakeholders se consolidará como o objetivo central das empresas, isto é, no novo formato do capitalismo das próximas décadas.

Assim, o SSPerform se alinha aos mais recentes preceitos de gestão, sua aplicação promove o aprendizado individual e se configura numa excelente ferramenta para gestores que desejam avaliar e entender a performance de sua empresa, assim como implementar melhorias por meio de práticas e valores que constituem uma eficiente cultura para performance.

Referências do estudo

Para acesso aos estudos acadêmicos que deram origem ao SSPerform, acesse a tese de doutorado
(https://www.usf.edu.br/galeria/getImage/427/2755008502534824.pdf) e artigo científico (https://submission-pepsic.scielo.br/index.php/rpot/article/view/24315) do autor.